De todos os números enunciados, destaca-se o de “700 gravidezes foram levadas em frente, depois da consulta”.
Esta é, sem dúvida, uma grande vitória do Bloco de Esquerda (sem tirar mérito, a todos os que estiveram a favor da despenalização). São 700 razões que dizem ser este o caminho certo, se de razões houvesse necessidade.
Outros sinais vão aparecendo, de norte a sul do país, que mostram a insatisfação, de vários sectores da sociedade, face às políticas anti-sociais, tomadas pelo governo do partido “socialista”.
Com mais uma crise instalada e perante a reacção dos que, mais uma vez, sofrem com ela (manifestação de 100.000 professores, seguida de uma outra, organizada pela CGTP, com 250.000 trabalhadores) este governo tomou atitudes, próprias do tempo do fascismo, com visitas e identificações a várias sedes sindicais.
Esta situação está a tornar-se, cada vez mais, insustentável.
O trabalhador vive na incerteza de receber o salário, no fim do mês, se terá trabalho, no fim do, cada vez mais curto, contrato.
E, assim como temos a época das sementeiras ou das colheitas, estamos a chegar à época dos encerramentos, em que mais umas centenas ou milhares de trabalhadores, irão engrossar as fileiras de desempregados, juntando miséria à, cada vez menos disfarçada, miséria instalada.
É no meio deste quadro que, muitas vozes se levantam, mesmo dentro do PS, contra a teimosia deste governo, em não ouvir os contributos oferecidos por quem luta pela justiça social, nomeadamente o Bloco de Esquerda.
A proposta de pensão automática, a quem completasse 40 anos de contribuições e que iria beneficiar milhares de trabalhadores que começaram a trabalhar aos 12 anos, foi derrotada pelo PS, na Assembleia da República.
O BE sugere também e fê-lo recentemente em Pevidém, uma taxa especial sobre as grandes fortunas. As reacções não se fizeram esperar, com autênticos saltos mortais de indignação.
Apesar de tudo, nota-se uma espécie de acordar, por parte dos trabalhadores. Uma maior atenção ao “atirar de areia para os olhos”, por parte do partido “socialista”. O povo pode ser sereno, mas não gosta que abusem da serenidade.
O Sr. Presidente da República passou pelo Vale do Ave, por estes dias, encontrando-se com empresários, autarcas e sindicalistas.
Ao mesmo tempo que mostrava desconhecimento da dimensão dos problemas, por que passa esta região, incentivava a população a não baixar os braços.
Nestes encontros teve oportunidade de explicar, mesmo muitos anos depois, porque é que, para conseguir vencer as eleições de 1991, prometeu a aprovação da lei das quarenta horas para, depois de eleito, nunca mais falar do assunto. Não se sabe se explicou, mas uma coisa é certa, a postura de cada político, mede-se pela seriedade com que se encaram os problemas e a atitude do actual Presidente, parece fazer escola, a nível nacional e local. Infelizmente, exemplos não faltam.
Joaquim Teixeira in Povo de Guimarães
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