Já mais crescida, muda-se-lhe a vida. Não estudou mas aprendeu que, a vida na aldeia é só mourejar.
Peito p’ra fora, barriga p’ra dentro e alguém reparou.
Um raio de esperança e um sorriso de sonho, Maria casou…casou, pariu e como é destino p’ró macho latino, muito repetiu.
A aldeia acolhia, cheia de bondade mais o Sr. Abade, a prole de Maria.
A mesma aldeia mais o Sr. Abade que perdoava a estroinice do Manel.
Quando chegava a casa, depois sueca e cheio de verdasco, Manel batia, batia e rebatia e a aldeia dizia, cheia de bondade mais o Sr. Abade: aguenta Maria.
Alguém lhe falou um dia que, lá pela cidade, tinha aparecido uma tal de liberdade que, se bem utilizada, acabava com a maldade.
E Maria, peito p’ra baixo e barriga p’ra fora, voltou a sonhar.
Sonhou, esperou e, timidamente, até sorriu.
Quem espera desespera e Maria desesperou.
Numa manhã de Abril, perante toda a aldeia e mais o Sr. Abade, enfrentou o seu Manel e mais a corja que o pariu e deitou cá para fora o grito que há muito germinava:
NÃO HEI-DE MORRER SEM SABER, QUAL A COR DA LIBERDADE.
25 de Abril sempre, obrigado.
Joaquim Teixeira