Nos últimos anos, tem causado alguns comentários o facto de, algumas personalidades da nossa cena política, não se adornarem com o cravo vermelho, adoptado como símbolo da revolução de Abril de 1974.
É uma situação que, sinceramente, não me preocupa absolutamente nada.
Preocupam – me, isso sim, os que encaixam no estribilho que José Barata Moura cantava à época e que tomo a liberdade de citar, dada a sua actualidade:
“Cravo vermelho ao peito, a todos fica bem, sobretudo dá jeito, a muito filho da mãe”.
Também tem aparecido umas certas reticências na comemoração da data, em sessão solene.
A Assembleia Regional da Madeira, por exemplo, acabou com as comemorações e a pergunta impõe-se: Porquê?
A quem incomoda tanto, que se comemore este marco importantíssimo da história de Portugal?
O 25 de Abril já não é apenas um dia feriado que se celebra de ano a ano.
O 25 de Abril transformou-se em espírito de liberdade e democracia que os seus filhos absorvem do mesmo modo que respiram.
Os 35 anos que acabamos de celebrar são muito poucos, relativamente àquilo a que puseram fim.
O 25 de Abril pôs fim, não apenas a uma ditadura, ao colonialismo e à guerra, mas a séculos e séculos de obscurantismo e tirania, em que os trabalhadores, os verdadeiros sustentáculos deste país, sempre foram humilhados e ofendidos na sua dignidade.
O espírito de Abril, não se reduz a esta celebração, nem ao dia vinte e cinco
Ele será evocado enquanto houver pobres no nosso país (fala-se em dois milhões) e enquanto se morrer de fome por esse mundo fora.
Será evocado sempre que aparecerem pretensos defensores da moral a declararem milhares de pensão, sem nunca terem produzido sequer um alfinete, enquanto milhares de idosos tentam sobreviver com duas ou três centenas de euros.
O espírito de Abril será evocado, enquanto houver um ser humano que seja, a viver sem dignidade.
Que o espírito de Abril nos alerte para a responsabilidade de criar justiça social em todas as vertentes da vida dos Portugueses.
Joaquim Teixeira
Sem comentários:
Enviar um comentário