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sábado, 16 de maio de 2009

Maria nasceu, Maria cresceu…

Maria nasceu, Maria cresceu… Cresceu, brincou e sorriu, em ruas de terra da sua aldeia.
Já mais crescida, muda-se-lhe a vida. Não estudou mas aprendeu que, a vida na aldeia é só mourejar.
Peito p’ra fora, barriga p’ra dentro e alguém reparou.

Um raio de esperança e um sorriso de sonho, Maria casou…casou, pariu e como é destino p’ró macho latino, muito repetiu.
A aldeia acolhia, cheia de bondade mais o Sr. Abade, a prole de Maria.

A mesma aldeia mais o Sr. Abade que perdoava a estroinice do Manel.
Quando chegava a casa, depois sueca e cheio de verdasco, Manel batia, batia e rebatia e a aldeia dizia, cheia de bondade mais o Sr. Abade: aguenta Maria.

Alguém lhe falou um dia que, lá pela cidade, tinha aparecido uma tal de liberdade que, se bem utilizada, acabava com a maldade.
E Maria, peito p’ra baixo e barriga p’ra fora, voltou a sonhar.
Sonhou, esperou e, timidamente, até sorriu.

Quem espera desespera e Maria desesperou.

Numa manhã de Abril, perante toda a aldeia e mais o Sr. Abade, enfrentou o seu Manel e mais a corja que o pariu e deitou cá para fora o grito que há muito germinava:

NÃO HEI-DE MORRER SEM SABER, QUAL A COR DA LIBERDADE.

25 de Abril sempre, obrigado.

Joaquim Teixeira




25 de Abril – 35 Anos


Nos últimos anos, tem causado alguns comentários o facto de, algumas personalidades da nossa cena política, não se adornarem com o cravo vermelho, adoptado como símbolo da revolução de Abril de 1974.

É uma situação que, sinceramente, não me preocupa absolutamente nada.

Preocupam – me, isso sim, os que encaixam no estribilho que José Barata Moura cantava à época e que tomo a liberdade de citar, dada a sua actualidade:
“Cravo vermelho ao peito, a todos fica bem, sobretudo dá jeito, a muito filho da mãe”.

Também tem aparecido umas certas reticências na comemoração da data, em sessão solene.

A Assembleia Regional da Madeira, por exemplo, acabou com as comemorações e a pergunta impõe-se: Porquê?

A quem incomoda tanto, que se comemore este marco importantíssimo da história de Portugal?

O 25 de Abril já não é apenas um dia feriado que se celebra de ano a ano.

O 25 de Abril transformou-se em espírito de liberdade e democracia que os seus filhos absorvem do mesmo modo que respiram.

Os 35 anos que acabamos de celebrar são muito poucos, relativamente àquilo a que puseram fim.

O 25 de Abril pôs fim, não apenas a uma ditadura, ao colonialismo e à guerra, mas a séculos e séculos de obscurantismo e tirania, em que os trabalhadores, os verdadeiros sustentáculos deste país, sempre foram humilhados e ofendidos na sua dignidade.

O espírito de Abril, não se reduz a esta celebração, nem ao dia vinte e cinco
Ele será evocado enquanto houver pobres no nosso país (fala-se em dois milhões) e enquanto se morrer de fome por esse mundo fora.

Será evocado sempre que aparecerem pretensos defensores da moral a declararem milhares de pensão, sem nunca terem produzido sequer um alfinete, enquanto milhares de idosos tentam sobreviver com duas ou três centenas de euros.

O espírito de Abril será evocado, enquanto houver um ser humano que seja, a viver sem dignidade.

Que o espírito de Abril nos alerte para a responsabilidade de criar justiça social em todas as vertentes da vida dos Portugueses.

Joaquim Teixeira