Entre todos estes peditórios, destaca-se o banco alimentar contra a fome que, apesar da crise, conseguiu bater recordes na recolha de alimentos. Curiosamente são as maiores vítimas da crise que mais contribuem, ou seja, dá o pobre ao miserável.
Depois aparecem os famosos “almoços de natal” para os reformados, “oferecidos” pelas câmaras municipais e juntas de freguesia, onde se fazem discursos carregados de emoção e o idoso se sente na obrigação de agradecer a posta de bacalhau, o copo de tinto e o bolo-rei que, afinal, pagou.
A caridade não acaba aqui! Temos também aquela ao nível de compadre:
- O seu banco está à beira da falência? De quantos milhões precisa?
- A sua construtora está em crise? Não se preocupe, arranjamos umas parcerias público - privadas, em que nós aplicamos o capital e vocês ficam com os lucros.
- O Sr. Presidente de Junta ou colega de partido, encerrou a sua micro – empresa? Vamos tentar encontrar uma solução, quem sabe, numa “oficina” ou numa “tempo livre”.
Com esta, entramos na área da “cunha”, em que os “cunhados”, com uma mudança de filiação partidária e/ou candidatura, lá vão agradecendo favores recebidos.
Mas (Há sempre um mas…), de quando em vez, aparece o Ministério Público a causar dissabores a esta gente, pondo ao léu alguma da promiscuidade existente na administração pública, principalmente local, onde o “compadrio” mais facilmente ganha raízes.
Exemplo disto são as notícias, avançadas pela imprensa, dando conta da investigação, que está a decorrer, sobre antigos e actuais responsáveis da câmara de Guimarães. Neste caso, estão em causa permutas, validações, valorizações e desvalorizações de terrenos que, a confirmarem-se, lesaram a autarquia em centenas de milhar de euros.
Independentemente da veracidade das acusações, estes sinais vem dar razão ao Bloco de Esquerda, que sempre se manifestou contra as parcerias público-privadas e dos benefícios para alguns, à custa do que é de todos. Veja –se o exemplo Vimágua, dos transportes públicos, da higiene e limpeza ou da cultura e desporto. Estão a construir parques de lazer, preferencialmente junto, dizem, dos cursos de água que, entretanto, vão recebendo descargas de saneamento e outras poluições.
Esta continua a ser a caridadezinha hipócrita, praticada por aqueles que deveriam zelar pelo bem de todos e não apenas de alguns. Para isso, são muito bem pagos por nós ou não estariam lá.
Joaquim Teixeira in Povo de Guimarães
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