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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Para vencermos a direita, precisamos de ter esquerda

Texto de opinião escrito por Ana Bárbara Pedrosa, membro da coordenadora concelhia do BE de Guimarães

Santana Lopes, Alberto João Jardim, Marques Mendes, Passos Coelho. Uns vociferam, outros esperneiam, outros manifestam-se na acalmia da língua de Balzac. E nenhum deles se quer distanciar do governo que tem protagonizado as políticas que o PSD deseja, não querendo, contudo, o ónus e o preço social que elas têm. Nasce daí o apoio ao governo. Porque PS+D andam de mãos dadas nesta crise e nestes atropelos, não terá o PSD a distinta desfaçatez de tentar iludir o eleitorado através da distanciação do governo a não ser que isso lhe traga imediato e insondável (?) proveito político.

A moção de censura que o Bloco apresenta critica as políticas de direita que o PS aprovou e que o PSD apoiou sofregamente. A moção de censura apresenta as políticas de esquerda das quais o Bloco não se distancia – e não nos esqueçamos de que é o Bloco quem não pactua com direitismos – e condena ferozmente as políticas de (des)emprego que têm condenado as vidas das pessoas e assassinado o futuro delas em virtude da facilitação do espraiar do neoliberalismo. Vai se cumprindo o sonho da direita - do PS+D, por certo – e o Bloco recusa-se a pactuar com esta falta de vergonha.

A moção do Bloco critica as políticas que arruinaram vidas e futuros. Critica a direita, não só o governo enquanto pretenso órgão imutável e dirigista desprovido de ideologia. E critica a direita porque este governo é de direita. Porque tem assassinado o estado social. Porque tem sido o maior amigo do tradicional PSD, agindo como muleta das suas políticas. Porque tem sido o governo provisório do PSD.

Entrar na ideia de que esta moção de censura é criada para ser rejeitada ou para abrir caminho à direita é uma falácia estrondosa: a direita já nos governa e não é preciso ir muito além das mais recentes tomadas de posição parlamentares. A direita está onde está o PS. Pelo menos, para já. Não tenho qualquer dúvida de que, num presumível governo PSD, o PS terá a falta de vergonha de que sempre careceu e irá bradar aos sete ventos a necessidade incontornável de um estado social. Estado social esse que ele ajudou a destruir.

Começaram a surgir, mal se proclamou a vontade de apresentar esta moção, vozes vindas de todos os lugares num desejo fervoroso de salvar a nação do caos políticos, num desejo fervoroso de manter a estabilidade política. Mas que estabilidade, afinal? A única coisa estável com este governo e com estas políticas é a perpétua instabilidade. Esta moção de censura serve para isso mesmo: para apresentar o caminho pela esquerda, para apresentar políticas que nos conduzam à estabilidade, não tentando afundar o eleitorado em pretensas e hipócritas ideias de inevitabilidade de decisão, para vencer o pacto que as elites têm com o poder político.

O PCP vai por qualquer caminho, mas nós sabemos de que lado estamos e para onde vamos. Esse zénite chama-se esquerda.

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