Passado o período da eleição presidencial e dissecados os resultados, ficamos com a sensação de que, neste país, algumas realidades são para continuar.
O tão apregoado “simplex” falhou, quando milhares de portugueses foram impedidos de votar, por causa da trapalhada com o cartão de cidadão. Num país minimamente civilizado, seria motivo para anular o acto eleitoral mas, em Portugal, com a brandura de costumes que nos caracteriza, ninguém (ou quase) deu importância.
O povo continua a identificar-se com malandro, o reguila, o chico-esperto, o corrupto, a ponto de chamarem invejoso a quem os denuncia.
A abstenção cresce a cada eleição e os responsáveis estão identificados. Citando José Manuel Pureza: A direita desdobra-se em esforços, no sentido de desincentivar os cidadãos à intervenção política, cívica e social.
A realidade mostra-nos a fúria com que, a direita, se atira ao estado, levando os cidadãos a acreditar ser este o inimigo, criando condições para deitar as garras àquilo que é de todos.
A imprensa, salvo raríssimas excepções, despojada da sua liberdade, tornou-se cúmplice deste poder paralelo, dando excessivo realce ao crime de tostões, banalizando os de milhões.
É neste cenário que se vão posicionando os vários partidos.
A direita, embalada pela eleição do seu candidato, prepara o derrube do governo mas sem querer aparecer como o mau da fita.
A esquerda, mesmo aquela que resta no PS, vai tentando absorver o impacto dos tiros nos próprios pés.
Para reverter a situação, é preciso que o PS se torne verdadeiramente socialista e deixe de ceder às pressões da direita, salvaguardando sectores estratégicos como a escola pública, o serviço nacional de saúde, agua e saneamento, correios e aeroportos, transportes rodo e ferroviários etc., tudo na mira de quem, de há vinte e cinco anos para cá, tem causado a desgraça deste país.
O Bloco de Esquerda deve incrementar a sua acção por todo o país, denunciando os causadores do desemprego e precariedade, os corruptos e oportunistas.
Como movimento/partido plural que é, o BE deve procurar centrar-se em lutas de defesa dos mais desfavorecidos, daqueles que, verdadeiramente, são e serão os construtores de Portugal.
Aquela velha frase: “Quanto mais me bates, mais gosto de ti”, tem de ser banida da mentalidade dos portugueses, porque todos tem direitos e obrigações e é preciso levá-los a lutar por eles.
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