Na Assembleia Municipal de Guimarães na última sexta feira, o PSD apresentou uma moção de louvor pela elevação a Cardeal de Monteiro de Castro. O mesmo cardeal, que afirmou, por altura da sua elevação, que os problemas do país seriam resolvidos se a mulher ficar em casa a aplicar-se naquilo em que a sua função é essencial, a educação dos filhos. Estas mesmas afirmações podem ser lidas em toda a imprensa, nomeadamente na entrevista ao Correio da Manhã.
Não podemos aceitar este discurso claramente discriminatório e que agrava a já débil situação que as mulheres vivem no mundo do trabalho: a dificuldade de arranjar emprego, os salários mais baixos face a funções iguais desempenhadas por homens. Estas ideias acabam por enfileirar num conjunto de outras que contribuem para a discriminação de género: não contratar mulheres porque podem engravidar, porque terão sempre mais responsabilidades com os filhos, porque devidos às suas responsabilidades faltam mais, pagar menos a uma mulher porque é mulher, facilitar o seu despedimento...
E por estas mesmas razões votamos contra a moção de saudação apresentada pelo PSD na Assembleia Municipal de Guimarães. Em que dignifica isto a cidade de Guimarães? E o que pensam as mulheres sobre isto, incluindo as deputadas do PSD, do CDS, do PS e da CDU que votaram favoravelmente esta moção? As reuniões da AM duram até perto das 2 da manhã. Aos olhos do cardeal, não deveriam estar em casa a zelar pelo bom sono dos seus filhos?
Não houve no nosso voto qualquer motivação de natureza anti religião, até porque entendemos que esta está enraizada sobretudo na cultura do Norte do país, e por tal merece o nosso respeito. Não podemos é compactuar com esta postura que só pode merecer a nossa reprovação: não podemos aceitar a propagação de ideias que alimentam desigualdades, discriminação e que põe em causa os direitos que as mulheres foram consquistando quer no trabalho, quer no seu papel de cidadãs.
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