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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Vamos dar vida ao rio Selho

Assistiu-se, nas últimas semanas, a uma limpeza do Parque do Selho. É já desde o Verão passado que o Núcleo de Pevidém do Bloco de Esquerda tem vindo a chamar a atenção para a urgência desta medida, tendo em conta a degradada situação em que este se encontrava: deitado ao abandono e coberto de silvados enormes que praticamente não permitiam proceder a qualquer uso do parque.

A população em geral, e o Núcleo do Bloco de Esquerda em particular, congratula-se com a limpeza da vegetação invasiva e com o arranjo dado aos caminhos. Mas é evidente que esta medida foi tomada apenas pela metade, faltando, a nosso ver, talvez a metade mais importante, que é a despoluição do rio. Todos estamos (ou devíamos estar) cientes da fragilidade dos recursos hídricos a nível global e do nível avançado de degradação a que estão submetidos os cursos de água do Concelho de Guimarães, sendo o rio Selho um lamentável exemplo desta situação. Com um passado digno, o rio está hoje reduzido à drenagem de descargas ilegais, que se mantêm com a criminosa indiferença da Câmara Municipal de Guimarães e respectivas entidades responsáveis.

A população terá, com certeza, gosto em voltar a frequentar os espaços agora reabilitados em torno do rio. Mas como poderemos pedir às pessoas o acto cívico da sua conservação enquanto o frequentarem, sem que vandalizem os equipamentos postos à sua disposição, se o maior dos vandalismos e o maior crime contra o futuro daquele espaço é realizado com a cumplicidade silenciosa daqueles que se limitaram agora a disfarçar o corpo gangrenado do rio com margens que apenas fazem eco do seu glorioso passado.

O povo terá agora mais gosto em frequentar o parque. Não queremos que daqui por uns meses este se volte a transformar num autêntico matagal, abandonado por mais dois ou três anos. Mas para isso, é preciso ir ao fundo do problema. É preciso descer ao leito e às suas areias envenenadas. Ainda vai sendo possível fazer alguma coisa. Mas quem persiste no discurso derrotista da impossibilidade de qualquer despoluição do rio, através de argumentos falsos, como o de que a poluição é uma consequência inevitável do progresso económico da região, vai inculcando no povo a crença na fatalidade.

Queremos um rio limpo. Isso não é uma miragem, mas uma realidade possível.

O Núcleo de Pevidém do Bloco de Esquerda

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